A 6ª audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores de
Lages e que propõe o enfrentamento da violência contra a mulher no município
aconteceu nesta quarta-feira (26), no salão da Igreja do Rosário, bairro Coral.
O presidente da Câmara de Vereadores de Lages, Adilson
Appolinário (PROS), abriu os trabalhos da reunião ressaltando que a sua geração
precisa trabalhar de maneira massiva para reverter o cenário negativo que o
município ocupa em dados de violência contra a mulher. “Toda a Câmara está
unida para que possamos cultivar e colaborar junto à comunidade para uma
cultura de paz, livrando Lages destes números vergonhosos”, disse. Os
legisladores Juliano Polese (PP) e Marcius Machado (PR) também participaram da
reunião.
Na sequência foi a vez do Grupo de Jovens da Igreja do Rosário
apresentar uma peça de teatro que encenou diferentes formas de violência contra
a mulher como a física, a psicológica, a moral, a patrimonial e a sexual.
Atuaram os seguintes jovens: Abenilda, Angela, Bruna, Gabrielle, Henrique,
Luan, Milena, Pâmela, Paola, Rafael e Veronica.
Comunidade se mostra disposta a mudar cenário negativo de Lages
Pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário, o padre José Virgílio
afirmou que a tanto o homem quanto a mulher precisam estar no mesmo nível, seja
qual esfera estiverem, e que a cultura da não-violência precisa ser uma meta
para todo ser humano, tal como foi para o indiano Mahatma Gandhi.
Membro do grupo de Pesquisa, Gênero, Educação e Cidadania na
América Latina da Uniplac, a professora Lucia Helena disse que este momento é
de chamamento para homens e mulheres, pais e mães: “Nós estamos criando esta
geração machista quando dissemos que a menina tem que lavar o tênis do irmão,
quando é ela que tem que lavar a louça, quando dizemos que o homem não precisa
fazer isso, e que não pode chorar. (...) Precisamos contribuir para um
pensamento diferente, para uma realidade diferente”.
Também educadora da rede pública, ela relatou que uma mulher de
20 anos, que recentemente morreu de forma violenta nas mãos de um homem, foi
aluna sua. “Quando recebi a notícia, pensei que no que errei com ela. Talvez
não tenha ensinado a ela para que percebesse melhor às pessoas com quem se
relacionava. Precisamos desta reflexão. Nós estamos errando em algum ponto, e
são nestas pequenas ações”, argumentou.
Presidente da Associação Lageana de Escritores (ALE), Maria
Waltair Carvalho destacou as que adolescentes precisam estar atentas aos sinais
emitidos pelos homens que as cercam, os quais podem ganhar contornos violentos.
“Precisamos alertar estas meninas de que aquele que controla o seu celular, o
que vai vestir, com quem anda, o que faz, não é o homem ideal. Estes são os
primeiros sinais de posse, de controle, de violência de gênero”, argumenta.
Lideranças políticas apontam caminhos para a mudança
Para o gerente regional de Educação, Humberto Aloisio de
Oliveira, a escola precisa ser foco do combate para a mudança desta cultura.
“Temos que trabalhar na educação. Isso vai dar trabalho e precisamos do apoio
de toda a sociedade. As mulheres são as vítimas, mas isso só vai ser mudado
quando o silêncio, a indiferença e o medo deixarem de dominar as relações
humanas”.
Pensamento semelhante foi enfocado pelo secretário municipal de
Assistência Social, Amarildo Farias, que ressaltou iniciativas do poder público
em dar suporte e apoio às vitimas desta violência, mas apontou que passa pela
família e por cada um o papel de reverter este cenário.
Já o presidente da Associação de Moradores do bairro Coral,
Moises Faraon, se colocou a disposição para ajudar a distribuir as cartilhas
informativas sobre o tema para a população. “Nada mais importante que a Casa do
Povo vir ao povo, escutar a comunidade, e a Igreja abrir as portas e acolher a
todos, unindo forças em prol desta causa”, disse.
Informações sobre o concurso Viver Sem Violência estão no
Youtube
O presidente da Frente Parlamentar Pelo Fim da Violência Contra
a Mulher, Professor Domingos (PT), explicou à população sobre o concurso Viver
Sem Violência, que acontece neste segundo semestre em várias instituições de
ensino de Lages, públicas e particulares, do ensino fundamental ao superior.
Os melhores de cada categoria receberão prêmios que vão de
notebooks, a tablets, celulares e bicicletas. Domingos também contou que
cartazes com informações sobre o certame serão colocados nos ônibus do
transporte coletivo urbano. A intenção é que a final do concurso conte com a
presença de Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da luta contra a violência
doméstica no país.
“Este movimento tem que contagiar os homens para superar esta
cultura enraizada em Lages que é o paternalismo, o mandonismo, o domínio sobre
a mulher. (...) O lageano vai virar esta página”, comentou o vereador. Para
mais informações sobre o concurso, acesse no Youtube o vídeo “Mulher Viver Sem
Violência, por uma Cultura de Paz”.
O endereço é https://www.youtube.com/watch?v=0kfB-1hCFso
Fotos: Elisandra
Pandini
Everton Gregório
Jornalista - Câmara
de Vereadores de Lages
(49) 3251-5416